CURIOSIDADES


CARRO DE BOI

O carro-de-boi é dividido em três partes principais: o par de rodas, o eixo e a mesa. Não contando a ferragem, uma roda leva cinco peças que são: o meão, duas cambotas ou cambas e duas arreias. Já o eixo é peça única: apenas leva nele duas chavetas na cabeça, para não deixar a roda bambear na mecha. A mesa é a parte mais complicada do carro-de-boi. Consta de nove peças, sete delas, ou seja, as que formam o cadeado, são como o costelame e o espinhaço dum animal: o cabeçalho, que vai no centro, em que atravessam as duas arreínhas de marmela, duas arreias grandes que vão no meio, e o recabém guarnecido com uma chapinha de ferro garantindo-o para não desbeiçar.

 

A essas cinco peças – ou seis, contando a chapinha – liga o par de chedas, que são as laterais e que dão a conformação do carro como um todo, bem acabado, magnífico e belo. Não fica só nisso: vêm agora os complementos, as tábuas do soalho, os fueiros (em regra de 14, contando com 2 fueirinhos do recabém), o pigarro e a chavelha, 4 cocões e 2 chumaços; e, para completar, podem ser incluídos a espera e o chifre do azeite de untar as cantadeiras do eixo – o azeiteiro. Dimensões – O palmo e a polegada são unidades de medidas adotadas na avaliação das dimensões do carro-de-boi. São convenções ancestrais, vêm de séculos anteriores ao sistema métrico decimal.

 

A polegada encerra 2 centímetros e pouco mais de meio, e o palmo é calculado em 8 polegadas. Na prática, o palmo é representado pela extensão que vai da ponta do dedo polegar à extremidade do dedo mínimo da mão de um homem de estatura média. Um carro dito inteirado deve pegar 40 jacás de milho e, de altura, as rodas terão 6 palmos e meio: um pouco mais contando a espessura da ferragem. Nada é arbitrário num carro-de-boi. Essa dimensão das rodas corresponde à altura que vai do pescoço do boi ao chão, pois, se assim não fosse, o nível da mesa seria afetado: inclinado para a frente no boi menor, e para o alto no boi maior. Também a longura de um boi normal, erado, determina o comprimento do cabeçalho do carro, da marmela à chavelha onde a canga-de-cabeçalho é jungida.

 

A curvatura das chedas, percorrida do bojo da mesa à palmatória (junção da marmela), abre espaço para o diâmetro do corpo do boi que, dessa forma, fica ele no alinhamento do carro, pisando, exatamente, no trilho das rodas, abrindo e conservando os facões das estradas. Entra no cálculo dessas dimensões o espaço que intermedia a roda e o bojo da mesa, as empurgueiras. As paralelas das estradas carreiras de Goiás são mais largas que as de Minas Gerais, daí variarem as empurgueiras dos carros goiano e mineiro, já que as mesas de ambos têm, como convenção, a medida de 40 jacás, prevale cente nos dois estados. Aferimento das medidas – O jacá de milho, unidade de uma carrada, pega duas mãos; uma mão são 15 atilhos, e um atilho são 4 espigas. De sorte que numa operação aritmética de multiplicar -4x15 = 60x2 = -120x40 encontramos 4.800 espigas, perfazendo uma carrada de milho aferindo as proporções tradicionais de um carro-de-boi.

 

As qualidades das madeiras - Para o par de rodas, a madeira indicada é o bálsamo. O nome clássico dessa preciosa madeira é cabreúva, classificada cientificamente como Myrocarpus fondosus, família das leguminosas-Papilonáceas. É de numerosas aplicações na carpintaria e marcenaria, porém, para fazer, principalmente, as rodas de carro-de-boi é inigualável. Não é atacada pelos rigores dos temporais porque não trinca, impermeável, portanto, à umidade; segura bem os pregos da ferragem porque é antioxidante; relativamente de baixo peso específico, madeira macia, que cede pacificamente ao corte das ferramentas sua ocorrência nas matas de terra roxa dá-se quase sempre nas bordas das grotas, difícil de tirar.

 

FONTE: Maria Carolina Coelho / Revista Viola Caipira

 



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