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Morre aos 84 anos o cantor e compositor LÉO CANHOTO

Amigo amante da nossa música sertaneja, hoje escrevo um pouco da história da dupla Léo Canhoto e Robertinho. Agradecendo sempre nossa amiga Sandra Peripato pelo apoio e pesquisas.
Leonildo Sachi, o Léo Canhoto, nasceu em Anhumas, no interior do estado de São Paulo, no dia 27 de abril de 1936 e faleceu no último domingo (25) em São Paulo aos 84 anos.
José Simão Alves, o Robertinho, nasceu em Água Limpa, no estado de Goiás, no dia 09 de fevereiro de 1952.

O nome artístico com o qual Leonildo ficou conhecido foi devido ao fato dele realmente ser canhoto.
Seu aprendizado musical foi "de ouvido" e Léo Canhoto chegou a participar de algumas duplas, dentre as quais, a mais conhecida, com Maurinho: a dupla "Maurinho e Zé Canhoto" participou de alguns programas de rádio na Difusora de Londrina/PR e também tentou a sorte na capital paulista, tendo gravado um disco, porém, com o nome de "Os Canarinhos do Sertão", já que o nome "Maurinho e Zé Canhoto" não foi aceito. O sucesso não aconteceu e a dupla logo se desfez.
Léo Canhoto passou a fazer parte do trio "Campanha, Léo Canhoto e Perigoso", o qual também não durou muito tempo. Na mesma época, porém, Léo Canhoto começou a se firmar como compositor, tendo tido diversas de suas músicas gravadas por vários intérpretes. Sua primeira música gravada como compositor foi "Engano do Carteiro" interpretada pela dupla Zico e Zeca.
Na mesma época, Léo Canhoto também começou a empresariar duplas famosas tais como Vieira e Vieirinha e Sulino e Marrueiro. Léo Canhoto, no entanto, desejava realizar o seu próprio trabalho musical.


José Simão formou com mais dois amigos o trio "Jota, Jotinha e Marquinho" que cantava na Rádio Clube local. Algum tempo depois o trio foi para a capital paulista, onde chegou a gravar um disco o qual não obteve sucesso.
José Simão seguiu para Goiânia/GO e continuou mantendo contato com o meio sertanejo, em meio às dificuldades que enfrentava. Escolheu o nome artístico de "Robertinho" em homenagem a seu grande ídolo que é Roberto Carlos.


E foi numa viagem a Goiânia que os dois componentes da dupla se conheceram: Robertinho, que era fã de Léo Canhoto como compositor, foi ao Hotel J. Alves para conhecê-lo e, por intermédio do acordeonista Nhozinho, foi a ele apresentado. Léo Canhoto, por sua vez, ouvindo Robertinho cantar, gostou bastante da sua voz e, após cantarem juntos algumas músicas, decidiram formar a nova dupla. Mas a nova dupla estava para iniciar então uma verdadeira revolução no panorama da música sertaneja de um modo geral.
Havia na década de 1960 diversas duplas caipiras no auge do sucesso. Léo Canhoto, experiente que era como empresário no meio fonográfico, sustentava que a nova dupla que nascia precisava ser diferente de tudo que rolava na época. E, com seus famosos óculos escuros, Léo falava em reciclar, romper estruturas arcaicas e ampliar o público. E, lógico, as gravadoras, de um modo geral, gostavam de tais ideias, principalmente por aumentar as vendagens...


E foi assim que, no ano de 1969, Léo Canhoto e Robertinho aproveitaram a janela que já havia sido aberta pela Jovem Guarda e mostraram pela primeira vez ao público sertanejo o característico visual que misturava o sertanejo com o country americano, além de misturar também o boiadeiro com o roqueiro.
O primeiro disco foi gravado no mesmo ano de 1969 na RCA Víctor, contendo dentre outras músicas, um de seus maiores sucessos, que foi o corrido "Apartamento 37" de autoria de Léo Canhoto. Em 1972, Léo Canhoto e Robertinho ganharam um Disco de Ouro com o sucesso de "Apartamento 37", tendo sido a primeira dupla sertaneja a conquistar tal prêmio no Brasil.


Algumas boas duplas sertanejas como Tibagi e Miltinho e Belmonte e Amaraí já haviam iniciado uma inovação na música caipira, com a inclusão de orquestras, trompetes e guitarras elétricas nos arranjos, além de terem incluído no repertório ritmos latinos tais como boleros, guarânias e rancheiras, além dos trajes típicos mexicanos, tão bem utilizados por Pedro Bento e Zé da Estrada. Sem dúvida, um verdadeiro escândalo, já que Léo Canhoto e Robertinho também gostavam de aparecer com guitarras elétricas, órgãos e contrabaixos e andando de motocicletas, em vez de montados em cavalos.


Em 1978 gravaram o filme “Chumbo Quente”.
A dupla, no entanto, acabou se desfazendo em 1983. Entre 1983 e 1989, Robertinho chegou a formar uma dupla com o acordeonista João Silvestre da Silva, o João Roberto, natural de Dourados, no estado do Mato Grosso do Sul. João Roberto, no entanto, faleceu no dia 14 de maio de 2005, durante um show no qual acompanhava Inezita Barroso em Itanhaém-SP. E, no mesmo ano de 2005, Robertinho retomou a dupla com Léo Canhoto e os "Hippies do Mundo Sertanejo" voltaram a cantar em dupla novamente e permaneceram juntos até 2019, quando novamente veio a separação da dupla.


Léo Canhoto formou nova dupla com Dino Santos, com quem gravou o CD "Divino Pai Eterno" lançado em 2020. Ainda em 2020 lançou um CD solo com músicas inéditas de sua autoria.
Léo Canhoto morreu na madrugada de 25 de julho de 2020, aos 84 anos.


Léo estava internado há três semanas com pneumonia e não resistiu após sofrer três paradas cardíacas. Amigos semana que vem tem mais sobre a nossa música sertaneja, abração.



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